A arte de imitar a natureza
(Inspirado nos textos de Marcelo Gleiser)

O mundo à nossa volta é muito complexo, e por isso é razoável que os cientistas utilizem simplificações aparentemente drásticas no estudo dos fenômenos naturais.  Por exemplo, se quisermos estudar a órbita da lua em torno da Terra, é irrelevante incluirmos em nossa descrição que a Terra possui montanhas, cidades, oceanos, árvores e crateras. Basta sabermos a distância entre a Terra e a Lua e as massas desses Planetas, e podemos representar isso como uma bola.

Um galho balançado pelo vento, um pai que balança o filho ou um sino de uma igreja badalando, são todos, com maior ou menor precisão, um movimento de um pêndulo. Se entendemos como o pêndulo funciona, entenderemos como funcionam os galhos que balançam ao vento, os filhos e os sinos.

Descrever o comportamento dos sistemas complexos mediante analogias simples é ingrediente fundamental no trabalho do cientista. E também um de seus maiores desafios. Existe um equilíbrio discreto entre simplificar demais, abandonando detalhes importantes, e acrescentar detalhes desnecessários, tornando o sistema complicado sem necessidade. Encontrar esse equilíbrio exige grande sabedoria, paciência e observação.

Para medir a atração entre dois corpos, por exemplo, pode-se utilizar um dinamômetro e comparar a medida feita com a previsão dos cálculos que o modelo científico nos fornece. Se os valores da medição e os do cálculo forem os mesmos, então dizemos que aquele modelo descreve bem aquele aspecto da natureza analisado.


Proporção entre os Planetas do Sistema Solar.

(Marcelo Gleiser – Retalhos Cósmicos - Adaptado)