Avaliação operatória é APRENDIZADO
PROVA OPERATÓRIA, UM CAMINHO PARA O APRENDIZADO E A AVALIAÇÃO SIMULTÂNEOS
Tivemos uma experiência de avaliação que vale a pena compartilhar:
Um professor de Física do Primeiro ano do ensino médio precisou abandonar a turma no meio do trimestre letivo (teve que sair nas férias). Isso significa que os alunos interromperam o trimestre para sair de férias e, quando voltaram, encontraram outro professor.
Uma semana depois da primeira aula eles teriam uma prova que seria sua terciera avaliação mensal. 80% da matéria da prova tinha sido dada pelo outro professor e eu precisava saber como eles a haviam aprendido para poder cobrar nesta prova que eu elaboraria.

PARTE PRÁTICA
A solução ancontrada foi motivo de pesquisa e gerou grande discussão entre os professores das outras disciplinas. Eu pedi que os alunos se organizassem em grupos com quatro pessoas e fiz o sorteio de 10 experimentos (um para cada grupo). Cada experimento fazia um determinado recorte da matéria e podia ser construído com mateiriais como garrafas de plástico, régua, moedas, etc.
Cada grupo teria que construir o seu experimento e estudar os fundamentos físicos deles. No dia da avaliação mensal eles fariam uma apresentação aos colegas. Todos tiveram um prazo de 30 dias para trabalhar, e as aulas em sala de aula nesse intervalo foram inteiramente orientadas às explicações da Física de cada experimento. A apresentação teria a metade do valor da prova mensal, e a parte escrita a outra metade.
No dia da prova cada aluno recebeu uma folha com o título de cada experimento, seu número e um espaço para preencher com as anotações referentes à experiência. Essa folha era a PARTE ESCRITA da avaliação, e era individual. O aluno deveria explicar com suas palavras por que é que os fenômenos se davam.
Cada aluno teria que fazer um relatório de todos os experimentos que os colegas apresentassem, e o próprio experimento ficaria em branco, valendo para aquele campo a nota da apresentação do grupo.
Um prêmio seria dado àquele grupo que fizesse a melhor apresentação.
ANÁLISE
A seguir os pontos positivos da avaliação operatória:
1 - Quando o aluno sabe que terá que apresentar algum conteúdo ele se dedica e se entusiasma, ainda que sua dedicação seja em virtude do medo de falar em público.
2 - Cada grupo presta atenção especial no momento em que o professor fala de seu experimento no decorrer das aulas, pois tem interesse em colher material para a sua apresentação (que será uma reprodução do que o professor fez em sala).
3 - Para cada assunto falado em sala há pelo menos um grupo muito interessado em aprender, o que cria um núcleo de cooperação com o rendimento da aula.
4 - O momento da avaliação (que é individual como qualquer prova) é uma última oportunidade de aprendizado, já que o aluno vai ver o colega explicando o experimento e dando-lhe a sugestão da resposta.
5 - Não há COLA. Embora os alunos ouçam os colegas explicarem cada experimento, eles só serão capazes de anotar o que tiverem entendido, pois o rítmo das apresentações é muito acelerado e não dá para transcrever falas inteiras. Ademais, se o aluno copia fragmentos de frases de um aluno que fez um bom relatório, o resultado será um texto ruim e mal articulado.
6 - Todos prestam atenção e fazem críticas (escritas) ao que foi dito, inclusive julgando certo ou errado o que foi dito pelo colega que apresenta. FIca claro durante a apresentação que o aluno é responsável pelo seu relatório, e não deve repetir nele o erro do colega que está apresentando.
7 - O professor terá um mapa preciso dos domínios dos raciocínios lágico e científico de cada aluno, pois todos terão sido obrigados a interpretar fenômenos e tirar conclusões, escrevendo-as com suas próprias palavras.
8 - Qualquer aluno pode escrever aquilo que sabe e ser avaliado por isto, mesmo que não seja muita coisa. Isto evita que alunos bons tenham notas que não condizem com o seu desempenho e dá chances àqueles que têm dificuldades com a lógica das queestões fechadas.
9 - O aluno será avaliado por seu trabalho no grupo e também pelo seu trabalho individual, dando-lhe a oportunidade de aprender com os colegas mas não cometendo a injustiça de dar a um aluno uma nota que não condiz com o que ele aprendeu.
10 - Trabalha o estímulo ao estudo pelas vias do medo da punição (ir mal na avaliação), da busca do prazer (possibilidade de ser premiado) e da busca do conforto (não foi preciso fazer estudos sistemáticos com resoluções de apostilas intermináveis e exercícios essencialmente numéricos.
DESVANTAGENS
Uma grande dificuldade em se trabalhar provas-relatório é o fato de que o material a ser lido é muito grande. Para se ter uma idéia, com três turmas de primeiro ano entregando relatórios, somaram-se 120 relatórios (120 alunos), cada um com 10 espaços para preenchimento da resposta (cerva de um parágrafo e meio). Isso resulta em 1200 questões para corrigir (!).
É certo que essa avaliação foi a mais justa, precisa e completa que foi feita em todo o ano, mas requer um tempo e uma energia que não está disponível em nosso sistema de ensino convencional.
CONCLUSÕES
A avaliação operatória mostrou-se uma forma muito eficiente, ainda que trabalhosa, de se ter um panorama do nível de cada aluno. Pode ser feita uma vez a cada período de três meses em substituição a uma das provas mensais, e deve ser planejada de forma que uma outra pessoa possa ajudar na correção.
PROVA OPERATÓRIA, UM CAMINHO PARA O APRENDIZADO E A AVALIAÇÃO SIMULTÂNEOS
Tivemos uma experiência de avaliação que vale a pena compartilhar:
Um professor de Física do Primeiro ano do ensino médio precisou abandonar a turma no meio do trimestre letivo (teve que sair nas férias). Isso significa que os alunos interromperam o trimestre para sair de férias e, quando voltaram, encontraram outro professor.
Uma semana depois da primeira aula eles teriam uma prova que seria sua terciera avaliação mensal. 80% da matéria da prova tinha sido dada pelo outro professor e eu precisava saber como eles a haviam aprendido para poder cobrar nesta prova que eu elaboraria.

PARTE PRÁTICA
A solução ancontrada foi motivo de pesquisa e gerou grande discussão entre os professores das outras disciplinas. Eu pedi que os alunos se organizassem em grupos com quatro pessoas e fiz o sorteio de 10 experimentos (um para cada grupo). Cada experimento fazia um determinado recorte da matéria e podia ser construído com mateiriais como garrafas de plástico, régua, moedas, etc.
Cada grupo teria que construir o seu experimento e estudar os fundamentos físicos deles. No dia da avaliação mensal eles fariam uma apresentação aos colegas. Todos tiveram um prazo de 30 dias para trabalhar, e as aulas em sala de aula nesse intervalo foram inteiramente orientadas às explicações da Física de cada experimento. A apresentação teria a metade do valor da prova mensal, e a parte escrita a outra metade.
No dia da prova cada aluno recebeu uma folha com o título de cada experimento, seu número e um espaço para preencher com as anotações referentes à experiência. Essa folha era a PARTE ESCRITA da avaliação, e era individual. O aluno deveria explicar com suas palavras por que é que os fenômenos se davam.
Cada aluno teria que fazer um relatório de todos os experimentos que os colegas apresentassem, e o próprio experimento ficaria em branco, valendo para aquele campo a nota da apresentação do grupo.
Um prêmio seria dado àquele grupo que fizesse a melhor apresentação.
ANÁLISE
A seguir os pontos positivos da avaliação operatória:
1 - Quando o aluno sabe que terá que apresentar algum conteúdo ele se dedica e se entusiasma, ainda que sua dedicação seja em virtude do medo de falar em público.
2 - Cada grupo presta atenção especial no momento em que o professor fala de seu experimento no decorrer das aulas, pois tem interesse em colher material para a sua apresentação (que será uma reprodução do que o professor fez em sala).
3 - Para cada assunto falado em sala há pelo menos um grupo muito interessado em aprender, o que cria um núcleo de cooperação com o rendimento da aula.
4 - O momento da avaliação (que é individual como qualquer prova) é uma última oportunidade de aprendizado, já que o aluno vai ver o colega explicando o experimento e dando-lhe a sugestão da resposta.
5 - Não há COLA. Embora os alunos ouçam os colegas explicarem cada experimento, eles só serão capazes de anotar o que tiverem entendido, pois o rítmo das apresentações é muito acelerado e não dá para transcrever falas inteiras. Ademais, se o aluno copia fragmentos de frases de um aluno que fez um bom relatório, o resultado será um texto ruim e mal articulado.
6 - Todos prestam atenção e fazem críticas (escritas) ao que foi dito, inclusive julgando certo ou errado o que foi dito pelo colega que apresenta. FIca claro durante a apresentação que o aluno é responsável pelo seu relatório, e não deve repetir nele o erro do colega que está apresentando.
7 - O professor terá um mapa preciso dos domínios dos raciocínios lágico e científico de cada aluno, pois todos terão sido obrigados a interpretar fenômenos e tirar conclusões, escrevendo-as com suas próprias palavras.
8 - Qualquer aluno pode escrever aquilo que sabe e ser avaliado por isto, mesmo que não seja muita coisa. Isto evita que alunos bons tenham notas que não condizem com o seu desempenho e dá chances àqueles que têm dificuldades com a lógica das queestões fechadas.
9 - O aluno será avaliado por seu trabalho no grupo e também pelo seu trabalho individual, dando-lhe a oportunidade de aprender com os colegas mas não cometendo a injustiça de dar a um aluno uma nota que não condiz com o que ele aprendeu.
10 - Trabalha o estímulo ao estudo pelas vias do medo da punição (ir mal na avaliação), da busca do prazer (possibilidade de ser premiado) e da busca do conforto (não foi preciso fazer estudos sistemáticos com resoluções de apostilas intermináveis e exercícios essencialmente numéricos.
DESVANTAGENS
Uma grande dificuldade em se trabalhar provas-relatório é o fato de que o material a ser lido é muito grande. Para se ter uma idéia, com três turmas de primeiro ano entregando relatórios, somaram-se 120 relatórios (120 alunos), cada um com 10 espaços para preenchimento da resposta (cerva de um parágrafo e meio). Isso resulta em 1200 questões para corrigir (!).
É certo que essa avaliação foi a mais justa, precisa e completa que foi feita em todo o ano, mas requer um tempo e uma energia que não está disponível em nosso sistema de ensino convencional.
CONCLUSÕES
A avaliação operatória mostrou-se uma forma muito eficiente, ainda que trabalhosa, de se ter um panorama do nível de cada aluno. Pode ser feita uma vez a cada período de três meses em substituição a uma das provas mensais, e deve ser planejada de forma que uma outra pessoa possa ajudar na correção.