Quem tem menos o que falar, pode ouvir mais.



Dizemos que cada estudante é único, mas no dia a dia temos que administrar 2mil ao mesmo tempo! Nossas alas de aula têm 40 estudantes e 50 minutos de convivência antes que mais 40 meninos ocupem o lugar. Isto que parece um sistema industrial dificulta muito a aproximação entre o professor e o menino ou menina. Na ponta do lápis, tirando os 5 minutos de ambientação do início da aula e os 5 minutos de fechamento, sobra um minuto por estudante. Que pergunta fazer? Que atitude observar em tempo tão curto? Mas parece que é possível! Ou então educadores vêm fazendo milagres há anos. É claro que tudo seria melhor mesmo se o nosso programa de ensino não fosse tão LOTADO de pormenores sobre quase tudo que servem a quase nada. Com menos para dizer, sobra tempo para ouvir.
Saímos da escola sem saber como funciona a justiça, sem ideia de como funcionam os três poderes ou sobre como declarar o imposto de renda. Não sabemos trocar um chuveiro ou para que lado se enrola uma fita veda-rosca. Fazer arroz, fritar ovo, pequenas costuras, usar cola quente e conhecer um pouco de materiais...
Nossos meninos um dia vão morar de aluguel e serão obrigados a pintar o apartamento na entrega. Sem falar nos buracos de parafusos a tampar com massa corrida. Será que ninguém mais tem compaixão pelo que eles vão passar nessa vida por que lhes negligenciamos o que realmente precisam?
Não adianta dizer que "estas coisas eles aprendem em casa" por que agora eles só voltam para casa para dormir, já que ficam o dia todo na escola feito trabalhador assalariado.
Enfim, se não quisermos formar um exército de jovens pasteurizados, vamos precisar diminuir a carga de repertório comum para tratar mais de cada experiência. Precisamos nos livrar da culpa de não ter conseguido dar A MESMA aula para as 8 turmas por que em duas delas "perdemos" 5 preciosos minutos só falando daquela notícia que saiu no jornal. Às vezes a notícia é o que mais importa.
Vamos em frente!