Onde estão as crianças nessas férias? Por toda parte!


As crianças estão por toda parte




As férias transformam a cidade de um jeito incrível. Um adulto para cada três crianças atravessando a rua, fazendo compras ou na padaria. Aquele sufoco para proteger os pequenos de tantos males urbanos!

Trânsito, assalto, calçada irregular, carros em alta velocidade, tráfico de crianças, etc.

A urbes aprendeu a armazenar crianças em cômodos retangulares e assentadas em fileiras de cadeiras. Cada escola consegue confinar uma média de 1.000 crianças em um espaço incrivelmente pequeno se comparado ao que elas ocupam fora dela. “Como eles conseguem?”... é uma mágica💪🏻

Mas sem a escola as famílias precisam se virar. No lugar de um professor pada 40 crianças, a babá, o tio de férias ou cooperação entre as famílias para que tenhamos um adulto ocupado para cada três crianças.

E é um tal de: “não vou poder porque estou olhando as crianças”... é isso mesmo! A vida precisa desviar o curso porque as crianças não foram adestradas para a cidade de concreto e metal que se desenvolveu em torno da vida adulta.

Os restaurantes começam a montar parquinhos infláveis e os monitores de plantão ficam cheios de trabalho. “Alguém olha eles aqui porque preciso ir ao banco e comprar comida”.

Fico pensando no cavalo selvagem e o cavalinho recém nascido, que precisam estar sempre juntos fazendo de tudo. Sem contar no macaquinho que segura na mãe e “seja-o-que-Deus-quiser” nos saltos vertiginosos pelas árvores.

Mas nossas crianças não sabem todos os códigos. Vão fazer barulho quando é hora@de silêncio e vão bagunçar a sala de espera do consultório... “e quem vai ficar com fulano enquanto o doutor me atende? Acho que não pode entrar com criança...”.

De repente parece que todos aqueles adultos sem filhos se esqueceram da própria infância.

As vidas corridas dos adultos que trabalham muito e ainda sim não saem da escassez provoca a terceirização da experiência na infância. Acontece que nenhuma pessoa ou empresa contratada para cuidar de um filho de outrem vai correr o risco de ser processado por tentar educar um rebento para as tensões da vida feito faria um pai.


“Cuidamos bem de tudo durante toda a vida para que nada nos aconteça verdadeiramente”
Larrosa